(foto: Wagner Carmo / VIPCOMM) |
Muita chuva, um adiamento de uma hora e uma paralisação de aproximadamente quinze minutos serviram de ingredientes para uma batalha tática e psicológica no Morumbi.
Não me intrometerei na faceta psicológica da partida, mas podemos afirmar, com certeza, que ela influenciou a questão tática, e consequentemente o resultado do jogo. E é claro que estou me referindo á expulsão de Alex Silva, no segundo tempo.
Carpegiani, deixando Rivaldo no banco, manteve a formação dos últimos jogos, o 3-5-2. Já o Palmeiras veio em um 4-5-1 (ou 4-2-3-1) com Valdivia se aproximando mais de Kleber, enquanto Luan jogava como um “winger” pela esquerda. Valdívia e Kleber saíam da área constantemente, e o São Paulo demorou algum tempo para se acertar. Foi quando os zagueiros pararam de perseguí-los pelo campo (deixando assim o trabalho para os volantes) que o São Paulo cresceu. Enquanto isso, Fernandinho acompanhava as descidas dos volantes palmeirenses e auxiliava Juan na marcação de Cicinho, pela esquerda.
Com a bola, o Tricolor apresentava uma movimentação muito interessante. Dagoberto era um falso camisa 9*. Ele saía da sua posição enfiada entre os zagueiros e participava da articulação das jogadas. Foi assim que saiu o gol de Fernandinho, e a estratégia foi ainda mais efetiva quando o São Paulo passou a jogar no contra-ataque. Com Márcio Araújo preocupado com Fernandinho, e Marcos Assunção demorando na recomposição, sobrava espaço a Dagoberto.
O segundo tempo veio, e nele ocorreu o grande evento desencadeador do jogo. A irritação de Alex Silva lhe rendeu um cartão vermelho e a reação em cascata que culminou no empate do jogo pelo Palmeiras.
Sem o zagueiro, Carpegiani recuou seus alas e seus meias, formando o time com duas linhas de 4. Com isso Lucas era o encarregado de acompanhar Gabriel Silva, que cada vez mais se aventurava ao ataque. Percebendo que o lado direito precisava de mais cuidado, o técnico São Paulino colocou Xandão na lateral direita, sendo assim, Jean era o volante que dava cobertura a Lucas.
As investidas de Gabriel Silva estavam controladas, e o São Paulo já não incomodava tanto. Xandão, improvisado, tinha dificuldades no balanço defensivo. Adriano, que havia entrado no lugar de Luan, aproveitou o espaço deixado entre Xandão e Rhodolfo. O atacante palmeirense quase marcou na primeira oportunidade, e depois aproveitando o mesmo espaço, empatou o jogo.
O empate não foi bom resultado para o São Paulo, pelas circunstâncias do jogo. Dominava a partida e apresentava estratégias ofensivas muito efetivas. A expulsão de Alex obrigou o time jogar de forma diferente. Lucas e Fernandinho não conseguiam se aproximar de Dagoberto, como no primeiro tempo, devido ao compromisso tático que tiveram que assumir.
O São Paulo ainda é um time em formação. Passa por uma mudança na filosofia de trabalho. E podemos ser otimistas quanto ao futuro do time. Carpegiani sabe como aproveitar as peças que tem, e com o tempo deve incorporar ao time, mais estratégias, defensivas e ofensivas.
*terminologia usada por Luiz Eduardo de Souza, na Revista “Doentes por Futebol” nº 6, 2011. Matéria postada por André Rocha em seu blog Olho Tático.
Guilherme Carinhato
Equipe TAKTIKUS
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